Friday, September 23, 2005

Mim

Se tenho que depender de alguém, que seja de mim
Vou ser minha criada
Abonada
Aos outros, de alma abandonada
Lendo as horas passadas
com a luz condenada dos infernos
Mas sou mim
Sou-me só a mim
Não sou parte de nenhum Deus sem fim
Que me julgue, que me ame, que me condene
eu só sozinha
E não qualquer outra existência plural
ou indivisível
A sombra do tecto divino
ofusca-me os olhos
Eu sei que sou o meu próprio caminho
Não sou ramo de um galho ou galhos
da árvore do Universo
Indivíduo me confesso
Eu sou o meu único caminho
Sou a embriaguez ébria do vinho
e seu recipiente
Sou chuva de caudal, sou enchente
de uma barragem de águas a transbordar
das lágrimas de São Pedro
Sou a lama do penedo alto
Lá, do abismo, que eu salto e ressalto
Sou cair belo no pairar
de uma mente que pensa
mesmo em direcção à morte
Por tudo isto digo:
Que Deus creia em mim!
Que por Seus pecados me peça perdão
E me implore benesses
E à noite, no leito, me
reze uma prece
E a mim, só a mim,
Se confesse



xangri_lah
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