Sunday, December 07, 2014

DANÇA A TUA VALSA NOS MEUS CABELOS...



Dança a tua valsa nos meus cabelos
e permite que as almas se entrelacem,
sem limites nem cadeias.
Ah que anseio de coração,
este ressuscitar...
do Amor que detém a minha alma.
Desse uivo sobreposto
ao clamor do vento em noites de tempestade,
desse sussurro do Espírito
mavioso como vozes de anjos em coro celestial...
Afago-te o rosto distante
com os olhos postos nas silhuetas que dançam também
através dos teus olhos...
jogos de luz e sombra que ensinam
a ilusão do céu como um génio da lâmpada
que brilha só de vez em quando,
como se fossem irmãos, a Lua e o Sonho
cujo feitiço se mantém na noite escura.
Mas a dança continua,
num movimento de mentes e corações
queimando a alma e os sentidos
até ao vácuo absoluto
onde a caneta goteja
e o poeta só tem sede...


SLL2014

Friday, December 05, 2014

TU

TU


enlouqueces-me maravilhas-me atrapalhas-me apaixonas-me cegas-me confundes-me. Tu inspiras-me.
Tu tu tu tu tu tu tu tu tu tu tu .....

Quero tanto de ti e tão próximo que anseio que fosses o ar, o chão, as paredes, tudo.

Que tudo o que tocasse fossem os teus braços. Que tudo o que sentisse fossem os teus lábios.

Como quando fecho os olhos e tudo o que não vejo és tu. Como quando não durmo e tudo o que sonho és tu.

Contigo não consigo respirar. Sem ti não consigo viver.

Quero estar tão dentro de ti que nem a luz do dia exista para mim. Quero abraçar-te tanto que todo o mundo colapse e desapareça num pequeno ponto entre os meus braços.

Toca-me com as tuas mãos. Faz-me desaparecer com a tua pele. Sufoca-me na tua língua. Arrasta-me pelo ar com o teu perfume. Mata-me de vez.

Odeio-te porque existes. Odeio-te porque não estás aqui. Amo-te tanto.

De repente tomo consciência da tua ausência e faz-se noite. Porque não me respondes quando te falo? Porque não te sinto quando estendo o braço? Porque te escondes?

TU


se fosses chuva, do céu só cairiam pérolas ... E até o chão gritaria de prazer

maria teresa horta

Não te Fies do Tempo nem da Eternidade


 

Não te fies do tempo nem da eternidade
 que as nuvens me puxam pelos vestidos,
 que os ventos me arrastam contra o meu desejo.
 Apressa-te, amor, que amanhã eu morro,
 que amanhã morro e não te vejo!

 
Não demores tão longe, em lugar tão secreto,
 nácar de silêncio que o mar comprime,
 ó lábio, limite do instante absoluto!
 Apressa-te, amor, que amanhã eu morro,
 que amanhã morro e não te escuto!

 
Aparece-me agora, que ainda reconheço
 a anêmona aberta na tua face
 e em redor dos muros o vento inimigo...
 Apressa-te, amor, que amanhã eu morro,
 que amanhã morro e não te digo...



Cecília Meireles, in 'Retrato Natural'