Lamento amoroso
Não quero mulher que tenha
muito delgadas as pernas,
Como venenosas serpes,
de medo que elas me apertem.
Não quero mulher que tenha
muito comprido o cabelo,
um molho de ervas espesso
onde acaso eu me perca.
Quando sem vida me veres,
sobre o meu corpo não chores:
deixa que a águia ao ver-me
seja a única que me chore.
Quando sem vida me veres,
deita-me à floresta negra:
o tatu há-de vir ver
a cova onde meter-me.
Herberto Helder