Carrega-me contigo, Pássaro-Poesia
Quando cruzares o Amanhã, a luz, o impossível
Porque de barro e palha tem sido esta viagem
Que faço a sós comigo. Isenta de traçado
Ou de complicada geografia, sem nenhuma bagagem
Hei de levar apenas a vertigem e a fé:
Para teu corpo de luz, dois fardos breves.
Deixarei palavras e cantigas. E movediças
Embaçadas vias de Ilusão.
Não cantei cotidianos. Só te cantei a ti
Pássaro-Poesia
E a paisagem limite: o fosso, o extremo
A convulsão do Homem.
Carrega-me contigo.
No Amanhã.
HILDA HILST
3 comments:
desejaria carregar-te como um "pássaro-poesia", mas o fardo da ausância de minha essência fez-me um pássaro ferido sem destino, sem geografia, pois ficou a casca sem o essencial: as cantigs que poderia como um pássaro poeta só a ti cantar-te a poesia.
um abraço e um sorriso!
lindo simplismente bem geografico
bem espirado e cheio de vida
parabens para quem escreveu
é simplismente maguinifico.
Carrega-me contigo pássaro-poesia, a viagem que tenho feito é casca, palha, não profunda, não essência. Carrega-me contigo para o absoluto, para o abismo, o fosso, a entranha do homem. Não quero falar de coisas banais, de cotidianos, quero algo além. Quero falar de ti, poesia, quero viver pra ti, poesia, e declamar todo meu ser, hoje e amanhã
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