A BOCA
A boca,
onde o fogo de um verão
muito antigo cintila,
a boca espera
que pode uma boca esperar senão outra boca?)
espera o ardor do vento
para ser ave e cantar.
Levar-te à boca,
beber a água mais funda do teu ser
se a luz é tanta,
como se pode morrer?
EUGÉNIO DE ANDRADE (n.1923)
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