Tuesday, January 21, 2014

ALMA PEREGRINA




"Muitos amaram os teus momentos de alegre graça,
e a tua beleza, com falso ou verdadeiro amor,
Mas um só homem amou a alma peregrina em ti,
E as mágoas de teu rosto sempre em mudança."

William Butler Yeats

Friday, January 03, 2014

ta voix




Ta voix est un savant poème…
Charme fragile de l’esprit,
Désespoir de l’âme, je t’aime
Comme une douleur qu’on chérie.


Dans ta grâce longue et blême,
Tu reviens du font de jadis…
O ma blanche et lointaine amie,
Je t’adore comme les lys !


On dit qu’un souvenir s’émoussse,
Mais comment oublier jamais
Que ta voix se faisait très douce
Pour me dire que tu m’aimais ?


Etudes et Preludes

Renée Vivien

MAS TU...



FONTE DE VIDA

(...) Mas tu, com os teus braços de raiz aérea,
puxas-me para esse cimo de montanha onde o silêncio
se transforma em sílaba – a sílaba inicial
do mundo, a interrogação do gesto nascente de todas as
origens, o soluço de um suicídio de murmúrios,
percorrido pela única percepção inútil: a da vida
que se esvai no instante do amor. E encostamo-nos à pedra
abstracta do horizonte. A que nos deixou sem voz quando
as grutas do litoral se abriram; para que a pedra nos beba,
gota a gota, todo o sangue. Então, é nas suas veias
que correm as nossas pulsações. E afastamo-nos, devagar,
para que a terra viva através de nós
uma existência puramente interior, despida
o fulgor animal das manhãs. Sentamo-nos
no mais longínquo dos quartos, de janelas fechadas, e
abraçamo-nos com um rumor de primaveras clandestinas,
com o inverno nos olhos.


NUNO JÚDICE

In A Fonte da Vida (excertos), 1997

Wednesday, January 01, 2014

JÁ ÉS MINHA

 
 
Já és minha.

Repousa com teu sonho em meu sonho.
Amor, dor, trabalhos, devem dormir agora.
...

Gira a noite sobre as suas invisíveis rodas
e junto a mim és pura como âmbar dormido.
Nenhuma mais, amor, dormirá com meus sonhos.
Irás, iremos juntos pelas águas do tempo.
Nenhuma mais viajará pela sombra comigo,
só tu, sempre-viva, sempre Sol, sempre Lua.
Já tuas mãos abriram os punhos delicados
e deixaram cair suaves sinais sem rumo,
teus olhos se fecharam como duas asas cinzas.
Enquanto eu sigo a água que levas e me leva:
a noite, o mundo, o vento enovelam seu destino,
e já não sou sem ti senão apenas teu sonho.

Pablo Neruda