Friday, July 18, 2014

No meu peito calmo





 








Hoje é doce o meu amor
o meu peito calmo…
E arde…

Ele corre para te abraçar no mais fundo mar…
E o teu silêncio e o meu
São as nossas almas que falam
No mais secreto do nosso coração
alado.

Lá, 
Onde dançam as deusas 
Sem mácula 
 

Elas dançam em círculo
A magia do universo…
Que tudo contem…
E que só as mulheres sabem…
Quando ardem de ternura e fogo…
....

Só elas sabem da Magia
Que contem os seus corpos 
Quando o desejo abençoa
o amplexo
Pela força centrífuga,
Dos corpos que se atraem…
E que para lá deles, se misturam…
como ímanes
e se unem numa dança etérea…
Para lá do tempo e do espaço. 


Hoje…
O meu coração rejubila, 
Quando me lembro de ti
entregue… 
E ebriamente bebo do elixir
Do teu corpo Cálice…

Rlp – 6/6/2014

UM DIA VIESTE...

 
 
 
VII

Um dia virás,
Tu-que-eu-não-sei-quem-és,
com leveza de gás
no silêncio dos pés... ...

Um dia virás,
Tu-para-além-do-afago,
com o ruído que faz
o luar no lago...
Um dia virás,
Tu-por-quem-a-minha-voz-já-não-chama,
com mãos de tenaz
frio de chama...
Um dia virás
com asas nos tornozelos
por caminhos sem chão...
Sim, um dia virás
a deitar fogo dos cabelos
para me iluminar o coração.
Um dia virás
Um dia virás


 
JOSÉ GOMES FERREIRA

Ah se eu fosse Maga...



Homeopatia...


Hoje senti de repente ...
que não tinha lugar onde escrever...
e fez-se um silêncio enorme, ...

um vácuo...
Se eu pudesse escrever-te no éter...
inundava-te de uma doçura indizível,
de uma aura de luz infinita...
como a que eu ontem sentia
ao recordar-te......
Ah, Se eu fosse Maga, Druida
ou Bardo...
talvez tu soubesses a dor que o silêncio
da tua alma me causa...


rlp

julho 2014

Tuesday, July 15, 2014

Ó fome, quando é que eu como ?



Dá a Surpresa de Ser

Dá a surpresa de ser.
É alta, de um louro escuro.
Faz bem só pensar em ver
Seu corpo meio maduro.

Seus seios altos parecem
(Se ela tivesse deitada)
Dois montinhos que amanhecem
Sem Ter que haver madrugada.

E a mão do seu braço branco
Assenta em palmo espalhado
Sobre a saliência do flanco
Do seu relevo tapado.

Apetece como um barco.
Tem qualquer coisa de gomo.
Meu Deus, quando é que eu embarco?
Ó fome, quando é que eu como ?

Fernando Pessoa, in "Cancioneiro"

porque é por ti que vivo é por ti que nasço



É por Ti que Vivo

Amo o teu túmido candor de astro
a tua pura integridade delicada
a tua permanente adolescência de segredo
a tua fragilidade acesa sempre altiva

Por ti eu sou a leve segurança
de um peito que pulsa e canta a sua chama
que se levanta e inclina ao teu hálito de pássaro
ou à chuva das tuas pétalas de prata

Se guardo algum tesouro não o prendo
porque quero oferecer-te a paz de um sonho aberto
que dure e flua nas tuas veias lentas
e seja um perfume ou um beijo um suspiro solar

Ofereço-te esta frágil flor esta pedra de chuva
para que sintas a verde frescura
de um pomar de brancas cortesias

porque amo o ouro vivo do teu rosto

António Ramos Rosa, in 'O Teu Rosto'