Thursday, May 11, 2006

HORUS

Muito para lá de Deus há um país
Onde o luar é duma outra cor.
Adivinham-se as rosas, não dão flor.
E as árvores estão poisadas, sem raiz.


Ei-lo, passa ao Sol-posto na alameda
Evoca e fica quedo erguendo os braços.
Prende nos dedos longos dedos lassos,
Os dedos do Mais Longe que se enreda.


Salas nos modos. O Passado extenso.
N alma há um jardim quase suspenso
Onde não desde Sombra. Ânsia absorta.



Portas nas atitudes que adormece.
Uma das portas não abriu. Esquece.
Meu Deus, o que estará para além da porta?



(in «Mais Alto»)


UM POEMA DE "ELOGIO DA DESCONHECIDA"


Ela. Seus braços vencidos,
Naus em procura do mar,
Caminhos brancos, compridos,
Que conduzem ao luar.


Se ao meu pescoço os enrola
Eu julgo, com alegria,
Que trago ao pescoço o dia
Como se fosse uma gola.


O Luar, lâmpada acesa
Pra alumiar à princesa
Que em meus olhos causa alarde.


E o dia, longe, esquecido,
É um lençol estendido
Numa janela da Tarde.


(in «Ânfora»)
Alfredo Guisado (1891-1975)

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