Friday, July 15, 2005

amante branca



Do meio de uma bruma nasce uma flor
que conheceu já outros campos sem sal.
A neve que cobriu a rosa em plena primavera
não assustou gaiatos que corriam
sem o sinal de um pai presente.
Amante Branca! Onde te escondes
maravilhada pela estrela da manhã?
As rosas choram nessa linha de bem e mal.
Desejam estar no meio,
no coração das coisas,
a sorrir para os doidos
casados de fresco com o grito.
São rosas que dançam e se abrem
quando o mar chama por mim.
A Branca Senhora na sua palidez
de mil primaveras desesperantes
encontrou a juventude na estátua do ardina.
Já não se esconde e senta-se num trono
vindo do País das Sombras.
Já não chora como a rosa
entregue aos moralismos de um senhor cruel.
Já não está maravilhada com a estrela
mas também ainda não tirou o véu da tristeza.
Serei espelho teu,
num lago de aparências com vida própria.
Contarás os cumes das montanhas
que tens para subir com asas
e aí nesses lugares serás Rainha
dessas geladas palavras
que saíram dos teus lábios.
Branca e a rosa são já uma.
São a união para o encontro na noite
com o poeta do deserto de áridas emoções.
Criem então esse império nunca falado.
Todos cá vêem abismos por ausência
de um sentido lunar e terno...


andré louro
in ARQUETIPOS & RETORNOS

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