Wednesday, August 31, 2005

Há palavras que nos beijam

Há palavras que nos beijam

Como se tivessem boca.

Palavras de amor, de esperança,

De imenso amor, de esperança louca.

Palavras nuas que beijas

Quando a noite perde o rosto;

Palavras que se recusam

Aos muros do teu desgosto.

De repente coloridas

Entre palavras sem cor,

Esperadas inesperadas

Como a poesia ou o amor.



(O nome de quem se ama

Letra a letra revelado

No mármore distraído

No papel abandonado)



Palavras que nos transportam

Aonde a noite é mais forte,

Ao silêncio dos amantes

Abraçados contra a morte.




Alexandre O'Neill, No Reino da Dinamarca

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