Friday, September 05, 2008

que te diria o meu coração


canto

Já te disse muita coisa,
Mas ainda queria esclarecer
Uma coisa que ficou por dizer…
Sejas tu quem for ou a minha alma seja,
Nada mais há entre nós do que um Portal,
Um secreto e misterioso Umbral
Que se cruza na nossa memória…

Abre-se por magia ou milagre…
Ou quando os guias que o guardam querem
E nada tem a ver com este corpo e a matéria…
Abre-se por emergência de respirar a tua beleza
E de uma brisa fresca que me salva de enlouquecer…

Não tenhas medo que confunda a aragem
Com o desejo insano do ser humano
Nem a tua presença para mim etérea
Com o teu sexo de mulher…
Para mim és cor, vento, brisa e canto…
Nada que eu possa nesta vida possuir
Ou querer para a vida inteira.

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dizer

Que te diria o meu coração
se eu pudesse…
Se tu viesses como uma estrela cadente…
E tudo o que nos separa nela se dissolvesse
E nada mais restasse
Senão a nudez da tua alma diante da minha?

Que farias tu com o meu coração
Se ele se te confessasses só teu?
Se ele te dissesse que te ama mais,
Muito mais do que eu...
Do que a vida e a eternidade?
Que por ti daria tudo,
Que por ti morreria de amor e saudade…

Que farias tu com o meu coração
Se eu não soubesse…
Que todo este anseio é mera ilusão e quimera…
Que ninguém pode dar ou receber um coração
Que é só seu…
E pertence ao Criador mais do que à criatura?


2008 - rlp

3 comments:

luís filipe pereira said...

Gostei muito do poema. Em especial, da sua tonalidade interrogativa. E porque também o amor se entretece nos fios de Penélope da interrogação, há sempre uma distância irredutível entre os seres que se alimentam da causa amante.Se o amor fusional, se "tudo o que nos separa se dissolvesse" fosse possível, findaria nessa quimérica possibilidade a falha/fenda erótica ou desiderativa que combustiona o próprio amor: o amor que lavra a proximidade na distância.
luís filipe pereira

Anonymous said...

Sem dúvida...Interpretou muito bem a minha índole poética... muito precisamente a forma como ela se revela ou desenvolve...é aí que ela começa e que findaria "nessa quimérica possibilidade" de encontro no concreto.
Havemos de falar disso pessoalmente.

até breve

rosa leonor

luís filipe pereira said...

Com o maior gosto falaremos disso, mergulhando na poesia e, espero que muito em breve.

Abraço poético

luís filipe pereira