Monday, September 08, 2008

entorna o fogo...




LÍNGUA DE FOLIA,
BÁTEGAS DE FULIGEM NA ABÓBADA DA NOITE

a noite do nome numa hora de rosto amado
por alturas da bruma.
desse rosto nada sei além de sabê-lo de saboreá-lo
vivo ao redor do êxtase da boca a tactear a sede
rente à casa da língua desalinhada
em que crescem sintaxes amotinadas
iguais às águas desaguadas
nos escuros desertos.

a noite em que os braços me diziam
como barcos sonâmbulos num tumulto de ilhas
que a bruma faria de mim um náufrago
se os sentidos abandonara para sulcar
em tua boca as bátegas de estrelas
os rumores da fuligem.

a noite da folia a cantar beijos como figos
quando a língua já lascada e submersa
só no duro chão dos teus lábios
entorna o fogo
a fuligem da nova língua na boca retomada
para que órfãos os nomes ergam a noite
em que partem os navios do desejo
das estelares bátegas
dos incomensuráveis desertos.


luís filipe pereira

2 comments:

luís filipe pereira said...

Obrigado Rosa Leonor,por incluir este meu poema em Destino do Coração: se destino houver, não será outro o da poesia. com um abraço poético do luís filipe pereira.

rosaleonor said...

Meu amigo eu ainda não tinha visto os seus comentários e contava como acontece com o outro blog recebê-los no correio directamente e não sei porque não aconteceu...assim não imaginava que tivesse já passado por cá e deixado tão simpáticos comentários...

Um abraço e até breve.

rosa leonor