
FRAGÂNCIAS...
Não te sintas só
mesmo na aparente ausência
Por mistério ascendem
das nossas almas inquietas
brancas silhuetas ecos perdidos
pulsantes como um coração cósmico
retido muito tempo no Olvido
Há cruzamentos já
nós a atarem-se
um tumulto imenso de ascensão
Sobre nós só Força
a repuxar a alma e os sentidos
Não te sintas só
que eu nunca largo
os portos bem amados da minha alma
Se ao menos hoje
eu pudesse deixar-te
o meu antigo vaso de fragrâncias
para que a hora te não doesse tanto
Mariana inverno
Vôo
Alheias e nossas as palavras voam.
Bando de borboletas multicores, as palavras voam
Bando azul de andorinhas, bando de gaivotas brancas,
as palavras voam.
Viam as palavras como águias imensas.
Como escuros morcegos como negros abutres, as palavras voam.
Oh! alto e baixo em círculos e retas acima de nós, em redor de nós as
palavras voam.
E às vezes pousam.
Cecília Meireles
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