Tuesday, March 14, 2006
as elegias a duino e sonetos a orfeu
XXL
Canta, meu coração, os jardins que não conheces;
Jardins como que vazados em vidro, claros, inacessíveis.
Água e rosas de Ispahan ou de Xiraz,
canta-os ditosos, louva-os, a nenhum comparáveis.
Mostra, meu coração, que nunca deles te privas.
Que os seus figos a amadurecerem pensam em ti.
Que convives c'os seus ares que entre os seus ramos
em flor se sublimam como em faces.
Evita o erro das privações
para a resolução acontecida: de ser!
Fio de seda, vieste entrar na teia.
A qualquer das imagens que no íntimo venhas unir-te
(seja mesmo um momento da vida da dor),
sente que o que se tem em vista é o tapete, inteiro e glorioso.
RAINER MARIA RILKE
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