Tuesday, March 07, 2006

BAILARINA

XVIII

Bailarina: ó transposição
em marcha de todo o transitório: como tu a ofertavas!
E o turbilhão no fim, esta árvore de movimento,
não tomava ele posse plena do ano conquistado?

Não floria, para que o teu vibrar de há pouco como enxame o envolvesse,
de repente o seu cume de silêncio? E sobre ele,
não era sol, não era verão, o calor,
este calor inúmero que de ti saia?

Mas também dava fruto, sim, a árvore do êxtase.
Não são seus frutos tranquilos: o jarro,
listrado de maturidade, e o vaso ainda mais maduro?

E nos retratos: não ficou o desenho
que o traço escuro das tuas sobrancelhas
inscreveu na parede do próprio girar?

Raine Maria Rilke

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